Ah, Finlândia se não fosse por você… estou iniciando nas semans seguintes uma série de reviews de bandas finlandesas, então se liguem! Hoje temos o genial AETHYRICK! Confiram a reviw do álbum que vai sair 22/01/2021!
Até agora, os praticantes astutos das artes negras devem estar bem cientes da existência de Aethyrick. Formada por Gall e Exile no solstício de inverno de 2016, o foco central de Aethyrick é o black metal finlandês, mas ao longo de dois álbuns visionários para The Sinister Flame, Praxis de 2018 e Gnosis de 2020, a dupla desafiadoramente criou um headspace único em toda sua vertente.
Abundantemente transbordando de magia e misticismo ao mesmo tempo soando ancestral e impressionantemente moderno, os dois primeiros álbuns da banda serviram como pedras angulares para como honrar a defesa tradicional do BLACK METAL em letras maiúsculas e alimentá-lo com uma criatividade febril. Colocado de outra forma, Aethyrick não abandonou completamente a linguagem; em vez disso, eles falavam seu próprio dialeto arrebatador.
E “febril” é uma descrição adequada dos métodos e artimanhas de Aethyrick, pois logo chega seu terceiro feitiço completo, novamente sob os auspícios de The Sinister Flame: Apoteose (Apotheosis). Tão perfeitamente intitulado neste ponto em sua cronologia majestosa como qualquer outro, Apotheosis culmina a marcha gloriosa de Aethyrick para o além – pontuação, final e austera, e também como a abertura de um novo capítulo. Ele vê a dupla indo de vento em popa, sem fazer grandes mudanças em sua estética desenvolvida com intensidade, mas impregnando-a com expansões sempre sutis de atmosfera e nuances de composição.
Na verdade, onde Gnosis, o álbum precedente trazia um refinamento sutil, a Apotheosis torna essa sutileza ainda mais minúscula … e ainda assim o efeito da soma parece mais grandioso, mais amplo, até mesmo libertador.
Pois aqui em Apotheosis a dupla de Aethyrick não retém nada com seu melodicismo. Nunca suaves, mas nem categoricamente negativos, seus riffs e leads explodem e brilham com uma paixão e poder que realmente empalidece, e a camada tão saborosa de sintetizadores dourando dá ao disco um aspecto especialmente etéreo: abra seu coração e sentirá a rajada de uma sonoridade fria e gloriosamente bem feita, a majestade sem limites do espírito de iluminação ilimitada.
Dito isso, Apotheosis transborda totalmente com o caráter oculto da banda, agora muitas décadas caminhando no Caminho da Mão Esquerda, e a imersão por parte do ouvinte está praticamente garantida. E fechando o círculo (ou Ouroboros, se preferir) é a arte da capa absolutamente deslumbrante, cortesia do magistral Timo Ketola, uma das peças finais que ele completou uma semana antes de sua morte prematura.
A abertura com “The Starlit Altar” acaba demonstrando a que veio a banda. Muita harmonia e muito peso, com sintetizadores afiados e no melhor estilo Druadan Forest, mas eles não brilham sozinhos, temos uma bateria com blasts sucessivos e guitarras melódicas que se intercalam servindo de base para um vocal finlandês gritado a plenos pulmões. Há muita atmosfera, mas muita intensidade e melodia.
A faixa do álbum: “Rosary of Midnights“, lindíssima, melódica e com o peso certo, acredito que seja bem a cara do que hoje é o BLACK METAL finlandês. Muita atmosfera e as guitarras com riffs do BM anos 90, cortantes, mas melódicas, acredito que mescla a técnica finlandesa que conhecemos com o raw, o que temos é uma guitarra cortante, gélida e ao mesmo tempo técnica e versátil que consegue traslado pela música sem deixar marcas que destoem, mas complementando os demais instrumentos. Destaque para um vocal mais cantado, apesar de cru.
O peso do álbum: “Flesh Once Divided” essa deve ser a definição de apoteótico! Muito peso, ritmo e uma coreografia sombria de acordes perpassam nossos ouvidos trazendo um rio de sensações. A harmonia nas ondas sonoras chega a ser bem impressionante e mostram a leveza, audácia e constante evolução dede seu primeiro álbum até chegarmos aqui! Não tenho palavras para essa faixa: ÉPICA!
A mais atmosférica e profunda: “In Blood Wisdom” traz um ritmo mais cadenciado e o foco aqui são as vozes que encarnam toda a magia do sangue.Uma voz quase falada emana uma aura celestial com sintetizadores que parecem surgir no momento certo, pois quando a voz se exalta em seus brados urrados, temos os sintetizadores suaves e marcantes que a embalam. É como aplacar a fúria com uma canção de ninar. A faixa demonstra muita técnica e muita profundidade, é um Atmospheric Black Metal autêntico o melhor de 2020/2021 que ouvi até o exato momento.
A etérea: ” With Determined Steps ” antecede o fechamento do álbum e já me preparo para ficar órfão deste álbum. Essa trilha é bem marcante, etérea, há uma aura atmosférica que nos acompanha a cada nota, a cada acorde com profunda sabedoria….é a mais lenta do álbum, uma das mais fortes, as guitarras arrastadas e a bateria lenta nos lançam em um plano altivo que corrobora com a carreira do AETHYRICK … uma banda em constante evolução e experimentação que não se acomoda onde pisa.
A vívida: “Path of Ordeal“é um preprativo para o final.É um sinal de luz em um mar atmosférico para guiar nossa embarcação auditiva. Canto de sereias aos desavisados, há muita propriedade nesta faixa e acho ela um resumo das faixas anteriores, pois todos os elementos estão aqui presentes em pouco mais de 7 minutos….como é possível? É ouvir para crer.
NOTA: 10/10