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Áudio para deficientes visuais
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Somente depois de conhecer esse primeiro álbum da Blackmoon Eclipse e fazendo a pesquisa biográfica da banda para fazer uma resenha mais aprofundada e com dados mais consistentes, pude notar que de fato faz algum tempo que meu contato com o submundo do Metal Negro anda bem longe de minhas vistas.
Não sei dizer quais seriam esses motivos, já que não se trata de apenas um, mas vários! Entre eles a redução drástica de contato e circulação no ambiente obscuro do underground. Pois bem, que fui averiguar que a dupla que compõe o Blackmoon Eclipse tem uma presença efetiva em dezenas de bandas que se quer ouvi falar! Isso mesmo, Nattens e Splatter integram e integraram bandas do undeground paulistano. Vejamos alguns desses nomes: Algoz Profanador, Arma, Dark Desires, Goat Kommander, Madrigal, Nocturnal Fog, Old Coffin Spirit, Primitive, Serpent Coven, Tragedies, Gazariorum, ex-Mordor, ex-Order of Tepes, ex-Profanus Philosophy, ex-Waffen, ex-Diabolical Mind… esses apenas sobre o Nattens.
Mas vamos ao álbum “Lobos”, um verdadeiro petardo que faz jus a experiência dos músicos presentes na banda, pois o que temos aqui é uma pérola que merece toda reverencia, trata-se de um som que, de fato, faz algum tempo que não escuto igual. Aquele tipo de som que nos remete imediatamente à bandas como Enthroned nos seus primeiros registros, atmosférico e furioso ao mesmo tempo, uma carga energética cheia de malicia e sordidez.
A primeira musica já entra rasgando o silencio com uma melodia marcante e cheia de negra atmosfera traduzida por um teclado constante e um vocal rasgado na dose perfeita que encaixa como uma luva na sonoridade da banda. Assim como o som, faz algum tempo que não me empolgo tanto com um vocal como esse de Nattens em bandas brasileiras, como dicção, encaixe das letras e a perspicácia de, sutilmente, demonstrar o sentimento que atravessa a música. Pois assim foi o cartão de visitas do álbum “Lobos” na faixa “The Crossing”, a segunda mantém a chave mestra do primeiro hino, a musica permanece sombria e cheia de clima perverso em “Wolves”, o curioso aqui é que mesmo o título do álbum ser em português as faixas são escritas e cantadas em inglês, o que percebe-se que a segunda faixa seria a faixa título do álbum.
Outra coisa que levei muito em consideração foi a qualidade da gravação, pois o material conserva uma timbragem sem muita espetacularização, chega a ser simplória diante dos recursos técnicos que temos hoje e sim, nos remete a muitos registros feitos por bandas dos anos 90, Blackmoon Eclipse foi capaz de se aproximar das fileiras do Metal Negro noventista neste álbum guardando as devidas proporções, claro! Mas aqui temos em mãos uma obra prima do gênero. As letras também são dentro das questões abordadas por muitas bandas escandinavas naquela década, como florestas, lobos, demônios, assembleias satânicas, barqueiros mortuários que, por sinal, é o tema da capa do álbum que no digipack recebe tons azuis e no encarte está em preto e branco.
Falando sobre o material gráfico, este se apresenta simples e direto, com as letras, as informações necessárias, fotos dos integrantes e a ilustração sob a criação de Emerson Maia, artista já conhecido da cena com sua característica peculiar e inconfundível. “Lobos” foi um álbum gravado em dois estúdios distintos, segundo consta em sua ficha técnica: o Raw Studio (SP) e o Grindhouse Studio (RJ) onde foi gravada a bateria por Bruno Borges (não sei ao certo, mas talvez seja o mesmo baterista da banda de Death/Grind Baga do Rio de Janeiro).
Blackmoon Eclipse nos entrega um álbum muito bom, acima da média e surpreendente principalmente para aqueles que acham que vão ouvir apenas mais uma banda como milhares que se multiplicam por aí, nada disso, aqui temos um achado de alta categoria, com ótimas musicas que também podem ser destacadas como: “Kerberos”, “Great Vast Oceans” e “At the Gates of Hades”, sem esquecer da criatividade das composições e da execução fantásticas dos instrumentos feitas por Nattens, é o tipo de álbum que não pode ficar de fora de nenhuma coleção de uma amante de Metal Negro com esse espírito.
