Após passar pelo momento mais difícil de sua vida, um câncer, a Cadaveria retornou com força total aos seus trabalhos que tem se destacado no mundo inteiro. Nessa entrevista ela conta sobre seus momentos de elevação e de como ela aplica as suas experiências de vida à sua música. Boa Leitura!
Quando conheci o seu trabalho, você ainda era membro da OPERA IX. Você pode contar aos fãs brasileiros como surgiu o desejo de montar o Cadaveria?
Cadaveria – Oh, você está falando sobre pré-história, já se passaram mais de 20 anos. Sou honesta: não gosto de me lembrar do período da separação. A banda não se comportou bem comigo e agora não gosto de dar publicidade gratuita falando sobre eles. Portanto, basta dizer que, ao deixá-los, me libertei de uma mentalidade retrógrada. Ao fundar a minha banda encontrei a dimensão certa para me expressar e experimentar a arte da música e das imagens. Sei que muitos fãs estão ligados a esse período, mas aprecio o que construí com minhas mãos e não suporto aqueles que sempre e apenas se apegam ao passado.
Desde então a Cadaveria segue uma carreira em constante ascensão, quais foram as suas maiores conquistas à frente da Cadaveria?
Cadaveria – Cada produção com o CADAVERIA tem um valor especial porque foi criada diretamente por mim e pelos meus companheiros, em particular pelo Marcelo Santos que fundou o grupo comigo. Sempre cuidamos de todos os aspectos e detalhes, desde a música até a arte, os layouts e finalmente os vídeos. Então posso dizer que fiz coisas com alma no CADAVERIA e isso, além dos vários shows, dos agradecimentos e do carinho que tive dos fãs, é uma coisa maravilhosa. Poder criar com paixão e liberdade é uma coisa maravilhosa. É um privilégio que foi aumentando com o tempo e que hoje exerço com a maturidade e a consciência de uma mulher adulta. Trabalhei muito e agora é hora de colher os frutos.
Soubemos aqui no Brasil que você teve câncer, está completamente curada? O que tudo isso significou para você?
Cadaveria – Nenhum médico diz que o câncer está curado. Eles usam a expressão “nenhuma evidência de doença”. Digamos que até agora está tudo bem e estou muito confiante para continuar bem. Mas ninguém sabe como vai ser, por isso vivo no presente, no aqui e agora, dia a dia, ciente da sorte que tenho. Essa experiência revolucionou completamente minha abordagem da vida e minhas prioridades. O Brasil teve um papel importante na minha trajetória porque entrei em contato com uma tribo indígena e me aproximei muito do xamanismo. Havia, portanto, também uma cura espiritual, essencial para podermos curar também no corpo. Estou imensamente grato ao seu país por me oferecer isso.
Percebi que as composições líricas da Cadaveria mudaram de direção em relação ao início de sua carreira. Quais foram os motivos? Que mensagens o Cadaveria quer transmitir aos fãs atualmente?
Cadaveria – Nos vários álbuns, até 2014, tenho falado muito sobre meus pensamentos, minhas reflexões às vezes muito distorcidas sobre a existência. Perguntas que fiz a mim mesmo, às vezes tormentos sem resposta. A partir da doença me tornei mais dona do meu caminho e nas minhas novas letras coloco à disposição o conhecimento que aprendi, a consciência adquirida. Recuperei uma grande espiritualidade, portanto pura, não é teatral, apenas para fazer o show. É íntimo. Em primeiro lugar, sinto-me muito próxima da mãe Natureza e do seu poder de curar. Levo uma vida bastante solitária, na qual escuto minhas necessidades e me recarrego meditando e caminhando na natureza. Eu mudei, cresci e mais uma vez minha música e minhas letras são o espelho de mim mesmo. Cada álbum é como um capítulo da minha autobiografia. Em constante evolução.
Acompanhando suas redes sociais vi que vocês estão preparando um novo álbum, poderiam compartilhar alguns detalhes para o Brasil?
Cadaveria – Desde o final de 2020 e ao longo de 2021, criamos uma série de novos singles que só foram lançados digitalmente e na forma de vídeo clipes em nosso canal do youtube, cadaveriaofficial (https://youtube.com/cadaveriaofficial).
Recentemente, voltamos a o estúdio para gravar outras canções que compusemos nos últimos meses e que nunca foram lançadas antes. Então o novo disco vai ser bem encorpado!
A ótima e profunda “The Woman Who Fell to Earth” estará presente no novo álbum?
Cadaveria – Sim, junto com outros singles e muitas novas faixas!
Você tem acompanhado alguma banda brasileira? Quais?
Cadaveria – Eu não sigo nenhuma banda em particular (além de Tool e Puscifer … ha ha). Porém, ouço muito sobre a Nervosa, não sei se devo considerá-las brasileiras já que 1/4 delas tem coração italiano. Gosto de gritos femininos e mulheres no metal mandando ver. Nos últimos anos, houve muitas bandas com presença feminina com voz operística ou pop, mas muito poucas com guturais. Então, sejam bem-vindas bandas como a Nervosa. Estou longe dessa tendência recente que atrai jovens modelos e os transforma em estrelas do metal.
Cadaveria, muito obrigado pela honra de nos conceder esta entrevista. O espaço está aberto para sua mensagem aos fãs brasileiros…
Cadaveria – Olá pessoal obrigado pelo seu amor e devoção. Espero um dia poder vir tocar em seu país. Enquanto isso, inscreva-se no nosso canal no youtube e siga o CADAVERIA no spotify para não perder os novos lançamentos e singles lançados recentemente. A reedição em vinil de nosso primeiro álbum, The Shadows ‘Madame, também será lançado em breve. A pré-venda está aberta em nosso site cadaveria.com. Neste endereço você encontrará todas as novidades https://linktr.ee/cadaveria
Verei vocês em breve! Rock on!