Eu tenho uma relação quase afetiva com o CANDLEMASS. Ainda nos anos 80, talvez em 1989 eu tive a chance de ouvir pela primeira vez essa banda. Conheci o inacreditável e sorumbático “Nightfall” e na primeira audição houve um estranhamento. Que vocal é era aquele ? Pedi ao amigo que me apresentou para gravar em uma fita k7 e pronto, era o início de uma relação de grande admiração que dura até hoje. Alguns podem se perguntar a razão de um álbum como esse ser resenhado em um site que foca mais o metal extremo. Antes de tudo, é um portal de metal e essa banda foi uma influência (se não musical, de vida) para quase toda aquela geração que se tornou a base do metal extremo mundial. CANDLEMASS é uma instiuição. Quase 30 anos depois, inúmeros álbuns e trocas de formação (incluindo aí a do inigualável Messiah Marcolin), anúncio de encerramento das atividades e a chance de ver a banda em 2014 no MDF, finalmente posso afirmar que banda mais uma vez lança um álbum que dificilmente será esquecido. “Door to Doom” marca o retorno do vocalista original da banda,Johan Längquist, que havia gravado o primeiro e lendário álbum da banda, “Epicus Doominicus Mettalicus”. A expectativa com esse retorno foi grande pois o mesmo estava fora da banda há mais de 30 anos. Hoje ao estar com esse álbum em mãos a audição não poderia ser mais prazeirosa, pois “Door to Doom” é um magnífico álbum de doom metal, apresentando o CANDLEMASS na sua melhor forma depois de tantos anos de estrada. Esses caras ainda tem MUITO combustível para queimar. A versão que tenho em mãos é a japonesa, portanto conta com quatro bônus. O álbum abre com a pesadíssima e poderosa “Splendor Demon Majesty”, que tem a cara da banda, com riffs e bases de guitarra soberbos. O vocal de Johan é mais contido em relação ao de Messiah, mas isso faz com que a interpretação dele seja intimista e muito poderosa. “Under the Ocean” é melancólica em sua introdução, mas explode energicamente após poucos segundos. Os solos dessa música são incríveis, sempre por cima das bases características da banda. A próxima música foi divulgada antes mesmo do lançamento e traz uma participação de nada mais nada menos o pai do doom metal, Mr. Tony Iommi. Acho que não é preciso falar muito. A música foi criada pensando nesse monstro, pois o clima remete aos discos incríveis do Black Sabbath da fase pós Ozzy e Dio. Mais lenta, mais climática. “Astorolus – The Great Octopus” é uma música perfeita. E que senhora vocalização ela tem. Uma outra música que foca na melancolia e em climas mais intimistas é “Bridge of the Blind”. O peso retorna com um riff de entrada que é FODAAA ! “Death´s Wheel” é uma música feita para shows. O andamento dela te obrigada a bater cabeça. “Black Trinity” tem uma pegada Sabbathiana também em sua estrutura e é uma música boa em meio a músicas incríveis. Em meio ao barulho da chuva e sinos “House of Doom” mostra o porque dessa banda ser tão respeitada no mundo todo. Grande riff, andamento marcado e um peso absurdo, tudo envolvido em um sentimento gigantesco. A música que fecha o álbum é “The Omega Circle” e mais uma vez se inicia mais calma para no momento seguinte soltar-se em ondas de peso. É uma música que poderia facilmente estar em qualquer álbum antigo do CANDLEMASS e fico imaginando como isso soaria na voz de Marcolin. Seria uma experiência MUITO poderosa, mas o trabalho do sr. Längquist não faz nada menos do que incrível também. O seu tom mais baixo combina totalmente com a música. Os bônus tracks dessa versão ficam por conta de outra versão para “House of Doom”, uma incrível “Flowers of Deception” que tem um andamento um pouco mais rápido e riffs incríveis. “Fortune Teller” vem em seguida e é uma balada, muito bonita por sinal. Por final, o peso é mais uma vez invocado e “Dolls on the Wall” se apresenta com sua majestosa base de guitarra. Não há dúvida ! Para quem acompanhou a banda nos últimos anos e álbuns fica claro que “Door to Doom” é um álbum que se une aos clássicos da banda em qualidade. A produção é excelente e desconfio que foi gravado em analógico. Há uma clara diferença na sonoridade em relação a outros lançamentos do mesmo nível. A porta para a desgraça está mais uma vez aberta. Bem vindos de volta CANDLEMASS !
Assista o vídeo clip para “Astorolus – The Great Octopus”, com a participação de Tony Iommi: