Áudio para deficientes visuais
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Esta máquina brutal chamada Corporate Death acabou de lançar o seu quarto álbum “IV”. Um disco incrível e que marca a volta do Flávio Ribeiro assumindo os vocais.
Com grande repercussão na mídia especializada a banda vem recebendo muito elogios a respeito do seu último álbum. Para fala sobre o álbum e tudo acerca da banda, convidei o grande Damien Mendonça para esta entrevista. Boa Leitura!
A banda chega ao quarto álbum com o excelente “IV” (Homines In Bestiales Formas), como analisa esse novo trabalho comparado aos anteriores?
Damien Mendonça – Esse álbum trabalhamos de forma totalmente dos demais, tanto em termos de composição como de gravação. As composições começaram quando a Aline ainda estava na banda, e completamos com o Laudmar, que ajudou em muitas das letras e arranjos. Como a volta do Flávio, precisamos refazer alguns arranjos que não tinham registros ainda. Na parte musical, partimos para composições mais diretas e sombrias, com bastante influência de Black Metal e Death Metal tradicional. No geral, trabalhamos mais unidos nesse álbum e com muito mais calma que nos anteriores.
O álbum anterior “Reborn” tinha a vocalista Aline Lodi, como foi essa mudança nos vocais para o retorno de Flávio Ribeiro?
Damien Mendonça – Tivemos o Laudmar nesse meio período, que nos ajudou muito nos arranjos do disco. Convidamos o Flávio para finalizar o disco com a gente, que também nos ajudou nos arranjos vocais. Mudanças sempre são complicadas, a Aline ficou na banda por 5 anos, o Laudmar ficou 2 anos. Os 3 têm alcances vocais muito diferentes. Mas o retorno do Flávio foi fácil, ele gravou todos os discos exceto o Reborn e a gravação do single Over the Trenches já foi um facilitador.
Esse novo trabalho tem uma sonoridade muito bem produzida sem perder nada para bandas gringas, como foi esse processo de produção?
Damien Mendonça – Essa é uma questão interessante. Quase todo o disco foi gravado no estúdio da banda com muita calma. Tivemos muito tempo para decidir o que estava legal ou não. Quando estamos em um estúdio pagando por hora temos que fazer tudo rapidamente, pois quanto mais tempo dentro do estúdio mais caro fica. Decidimos mixar e masterizar no From Hellcords Estúdios, onde mixamos o single Over the Trenches e o resultado ficou muito acima do esperado.
Como foi a passagem de Aline Lodi no single “Ignorance Prevails” e no álbum “Reborn”, e qual o motivo de sua saída?
Damien Mendonça – Fizemos um excelente disco juntos, a recepção foi ótima e é um material muito bem avaliado. Nós continuamos amigos, por isso chamamos todos para a participação no novo álbum.
Qual seu ponto de vista sobre a cena underground no Brasil, em especial as bandas de Death Metal?
Damien Mendonça – No Brasil temos um espectro gigantesco de bandas de altíssimo nível. Temos bandas tradicionais como Headhunter DC, Desdominus, Justabeli, Infamous Glory. Eu poderia citar muitas, mas o que complica é a falta de reconhecimento. Todas essas bandas têm potencial para tocar em festivais internacionais e nenhuma tem o reconhecimento que merece.
O álbum “Angels & Worms” tem uma versão pela Murdher Records em 2014, como foi esse contato com esse selo italiano?
Damien Mendonça – Lançamos esse disco no Brasil somente como promo. Na época nenhum selo do Brasil se interessou e já tínhamos desistido de lançar. Em 2014, recebi o contato deles com a proposta de lançamento e topamos sem pensar. Muita gente nos pede esse disco, mas infelizmente não temos. Gostaríamos que algum selo nacional relançasse, pois ano quem esse disco faz 10 anos.
Como está sendo a repercussão desse novo trabalho?
Damien Mendonça – A melhor entre todos os nossos discos. Acredito que tem sido o disco a melhor recepção até hoje. Muitos estão comparando até com o Angel & Worms, que é um disco muito bem conceituado.
Quais as maiores influências musicais do Corporate Death?
Damien Mendonça – Essa é uma pergunta difícil. Todas as bandas que escutamos nos moldam para fazer o que fazemos. Nesse disco buscamos uma sonoridade mais sombria de bandas como Dark Funeral, Marduk e Behemoth. Poderia citar Deeds of Flesh, Morbid Angel, Behemoth, Rebaelliun, Malevolent Creation e Bloodbath.
Na atualidade qual a maior dificuldade para uma banda extrema dentro da cena underground em sua opinião?
Damien Mendonça – As dificuldades são inúmeras. Hoje, um jogo de corda de guitarra custa quase R$100, de baixo mais de R$200. Antes de pandemia estávamos recebendo propostas indecentes para tocar, tirando os calotes. O mínimo que um produtor deveria fazer é assumir com um custo de deslocamento caso seu evento não seja como esperado. Diria que o principal problema é o descaso com as bandas por parte dos organizadores. Já recebemos proposta para abrir shows para bandas internacionais e não nos dariam nada. Repudio 100% esse tipo de comportamento, muita banda vê isso como oportunidade de divulgação, eu vejo isso como exploração.
Quais os 5 melhores álbuns de Death Metal em sua opinião?
Damien Mendonça – Vou citar 5 álbuns que me influenciaram na última década, que considero obras-primas.
Desdominus – Uncreation
Expurgo – Deformed by Law
Headhunter DC – In Unholy Mourning
Rebaelliun – Hell’s Decrees
Miasthenia – Legados do Inframundo
Existe um bom intervalo entre um lançamento e outro, qual a maior dificuldade enfrentada para os lançamentos de seus álbuns?
Damien Mendonça – A maior barreira é nossa vida profissional. Temos que conciliar o trabalho, a banda e nossos hobbies. Nos juntamos no tempo livre para tomar uma cerveja e tocar Death Metal. O ritmo de 15 anos atrás era totalmente diferente. Nos últimos 5 anos a Aline e o Laudmar saíram por motivos profissionais. Às vezes é inviável conciliar a vida profissional e a banda.
A banda tem temas bastante fortes e impactantes, quem é a principal mente por traz das temáticas e quais as fontes inspiradoras?
Damien Mendonça – Todos nós já escrevemos letras, incluindo o Laudmar, Aline, e também o Paulo que foi baterista por 5 anos. Exceto pelo Homines in Bestiales Formas, que é um álbum conceitual e baseado nos abusos e crimes da igreja católica, não nos prendemos à uma temática. Geralmente falamos sobre temas como anti-religião, guerras, niilismo, literatura, gore e tudo o que nos intriga. Temos como inspiração Umberto Eco, Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Carl Sagan, histórias de seriais killers, guerras em geral, História, filmes etc.
Agradeço imensamente pelo tempo em responder essa entrevista, deixe suas palavras finais para os admiradores do Death Metal e Corporate Death….
Damien Mendonça – Muito obrigado pelo apoio e pelo trabalho da Lucifer Rising que está sempre na luta com as bandas extremas do underground nacional. Sem vocês, os zines, selos, canais do Youtube e outras formas de divulgação, seria tudo mais difícil. Aos apreciadores: que continuem apoiando as bandas do underground que gostam, compareçam nos shows, comprem materiais com as bandas ou com os selos, ajudem o cenário como puderem.