Johan Ericson é aquele tipo de músico que quando coloca a mão na massa ele simplesmente cria arte e não um produto para as massas (ainda que o conceito de massas dentro do heavy metal seja algo bem diferente do conceito mais amplo). Ao tocar todos os instrumentos e fazer o vocal no projeto funeral/doom DOOM:VS ele realmente criou uma obra de arte. Cada detalhe, cada nota, a carga melódica e dramática se unem e criam esse “Earthless” como um monumento ao extremo bom gosto. O doom metal foi mudando muito com o tempo, adquirindo novas abordagens e interagindo com novas influências. Mas para aqueles que acompanharam o início do estilo sempre fica a impressão que o menos tende a ser muito e é nesse sentido que esse álbum acerta em cheio. Não fazendo comparações com outras bandas e outros discos, mas apenas exprimindo aqui o que esse álbum transmite é que digo que “Earthless” é um trabalho que irá se tornar cada vez mais relevante a medida que o tempo for passado.
A Cold Art Industry ofereceu aqui um maravilhoso presente ao público brasileiro quando resolveu lançar esse álbum em nosso país. Mesmo tendo sido lançado originalmente em 2014 era um grande erro não termos uma versão nacional dele. Quando você dá o play e a faixa título se inicia é fácil entender a razão de eu elogiar tanto esse trabalho. Apesar das classificações estilísticas o que eu escuto da primeira à última nota é doom metal, extremamente tradicional, emocional e de um nível altíssimo. “Earthless” abre o álbum e traz todos esses elementos. Que faixa de abertura magnífica. “A Quietly Forming Collapse” tira ainda mais o pé do acelerador e segue seu caminho por diversas emoções musicais. São quase 10 minutos que não se demoram em pormenores, são extremamente diretos e belos. A terceira música “White Coffins” começa extremamente pesada e traz o lado mais tradicional do estilo, mais carregado que ao se unir a arranjos extremamente emociais faz dessa uma das melhores músicas do álbum. “The Dead Swan of the Woods” segue a mesma linha mais tradicional e é uma grande composição. Carregada e com uma linha melódica muto boa e traz alguns vocais diferentes do gutural que funcionaram muito bem. Outra música que destacaria é “The Slow Acent”.
Definitavamente álbuns como esse são necessários para a manutenção de qualquer estilo, para manter vivo o caráter artístico da obra e escapar da ditadura do produto como produto. Que venham mais lançamentos como esse que trazem um belo slipcase, adesivo e uma banda realmente que faz diferença em meio a tantas bandas que se prendem ao lugar comum.
10/10