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FABIO BRAYNER/THE OLD COFFIN SPIRIT ZINE – Em um país que exalta completos idiotas analfabetos funcionais, a falta de interesse pela leitura não é nenhuma surpresa.

Luis Lozanopor Luis Lozano
17/05/2022
A A
Áudio para deficientes visuais

Está aqui um headbanger que vive o underground a quase 40 anos, músico, professor, redator, zineiro, o seu nome com certeza é proferido com muito respeito por muitos amantes da informação mundo a fora. Na minha opinião, o Fabio Brayner faz parte de um seleto grupo de mentes pensantes que agregam muito conhecimento e que propagam com muita inteligência o que realmente é interessante ao crescimento do underground. Uma pessoa com uma personalidade forte, opinião sempre muito inteligentes e dono de um talento nato para a escrita jornalística. Hoje gerenciando um dos portais mais importantes deste país, e tido como referencia por uma legião, o The Old Coffin Spirit Zine vem conquistado de forma consistente o seu espaço na mídia mundial. Tive a honra de falar sobre alguns assuntos que vão desde a sua história e a toda a realidade que cercam os produtores de conteúdos do underground brasileiro. Estejam todos preparados para uma jornada ao conhecimento, com muito prazer seguem as palavras do grande FÁBIO BRAYNER. Boa Leitura!

Salve meu irmão, como você está? Já neste começo, gostaria de te agradecer pela honra de ter trabalhado ao seu lado no início das atividades do portal da Lucifer Rising.

Fábio Brayner: Grande Lozano, muito obrigado pelo convite para falar um pouco sobre o portal THE OLD COFFIN SPIRIT… Foi uma grande honra ter feito parte da equipe da Lucifer Rising. Contribuir com o legado criado pelo Sérgio Tululla foi muito fod. Estou bem no momento, trabalhando igual a um condenado, tocando o portal e cuidando da vida. Nada muito diferente do que a maioria da população desse país.

Tenho acompanhado o portal do The Old Coffin Spirit, o qual particularmente gosto muito e entre todos os ótimos conteúdos, eu destaco as resenhas que realmente são fotografias dos exatas dos álbuns resenhados. Como estão os trabalhos no portal e no seu zine impresso?

Fábio Brayner: Muito obrigado pelas palavras brother. Bom, os trabalhos com o zine estão totalmente parados. Tomei uma decisão de não lançar nenhuma edição em 2022. Estou trabalhando muito, focado no trabalho, em estudos e simplesmente estou esgotado física e mentalmente. Não quero lançar uma nova edição só por lançar. Quem conhece o T.O.C.S. zine sabe que busco sempre correr atrás de bandas interessantes e procuro, dentro do possível, fazer entrevistas que sejam realmente interessantes. Isso demanda tempo, paciência, pesquisa… e sendo bem sincero, não estou tendo nenhuma dessas no momento. Então prefiro dar um tempo, focar nas minhas coisas pessoais, recarregar as baterias e quando for o momento certo, começar a trabalhar com uma nova edição.   Já o portal, esse vem sendo trabalhado, não tanto quanto gostaria, mas de forma o mais constante possível. Alguns amigos ajudam com entrevistas, resenhas e isso ajuda no processo. O portal completará 3 anos em Junho e tem sido um caminho longo e árduo, mas muito prazeroso, ainda que bem frustrante às vezes, mas enfim, não dá para esperar muito da tão falada “cena” brasileira.

Falando do Fábio Brayner como músico, pois sabemos que você foi do Sanctifier e do As The Shadows Fall. Relate para nós como tudo isso aconteceu em sua vida… e aproveitando o ensejo, vem também uma pergunta: Você nunca mais se interessou em tocar?

Fábio Brayner: Na verdade a trajetória musical começa com uma banda chamada Crucis, em 1989. Mas ela durou apenas alguns ensaios. Era thrash metal, mas não lembro de nada além disso. Na sequência criei, juntamente com o baterista Osvaldo Magno, a banda de death metal Decomposed, onde fiquei de 1991 até 1994. Na sequência fui para o Sanctifier (que havia mudado o nome para Hellspawn) e fiquei até por volta de 2004, com um período de inatividade nesses anos. O As the Shadows Fall foi idealizado em 1996 e durou até por volta de 2004. Depois disso me afastei da música e de certa forma, até mesmo da cena por muitos anos. Ia apenas em alguns shows e curtia meu som em casa. Em 2008 retornei à Brasília, minha cidade natal e me mantive afastado de bandas. Cheguei a receber um convite para tocar em uma importante banda local, mas não estava interessado em retornar à bandas. A última vez que subi em um palco foi no show do Sanctifier aqui em Brasília, abrindo para o Asphyx. Meus antigos companheiros me convidaram para uma jam de uma música e lá fui. Foi muito foda fazer aquela música, mas voltar aos palcos com uma banda não está nos meus planos. Minha vida pessoal se tornou corrida demais, atribulada demais, para me dedicar a uma banda. Sempre me envolvi totalmente com as bandas que fiz parte e sei que não conseguiria fazer isso novamente. E para ser muito franco, não me vejo tocando em uma “cena” como a de hoje no Brasil, se é que dá para chamar isso de cena. Prefiro usar minha energia no fanzine e no portal. Faço do jeito que quero, na hora que dá e estou satisfeito com isso. Uma banda demanda energia e tempo que não estou mais disposto a disponibilizar.

Você faz parte da elite de redatores e zineiros deste país, fato incontestável. Como o Fábio Brayner se deu conta deste talento?

Fábio Brayner: Elite ? Longe disso… sou apenas um velho headbanger que sempre gostou de música pesada, gosta de falar sobre música e usa o tempo livre para fazer isso. Eu comecei a mexer com fanzine no início da década de 90. O meu primeiro fanzine se chamava THE CRYPT zine e foi muito inspirado por um fanzine recifense chamado Recifezes Zine. Eu cresci dentro de uma cena onde headbangers e punks estavam sempre se encontrando em eventos e na rua. Existia um local no centro do Recife chamado “Beco da Fome”, que era uma ruazinha estreita cheia de bares toscos, mas que virou o point do pessoal que curtia metal e punk hardcore. Foi ali que conheci muita gente da cena local e tive contato com alguns fanzines. Isso me fez querer fazer parte desse circuito de imprensa marginal, apoiando as bandas locais e as bandas que eu curtia. Desde então fiz 3 fanzines diferentes e desde 2018 venho trabalhando com o The Old Coffin Spirit, que tem cinco edições lançadas. A minha percepção desse trabalho continua praticamente da mesma forma. É algo que gosto de fazer, falar sobre música e é isso que faço no fanzine físico e no portal.

Ao meu ver, ponto de vista pessoal. Sinto que o interesse pela informação, o interesse pela leitura está se apagando cada vez mais pelo menos em nosso país. Você acredita que a cena underground ainda tem muito a amadurecer nesta questão?

Fábio Brayner: Em um país que exalta completos idiotas analfabetos funcionais, a falta de interesse pela leitura não é nenhuma surpresa. O advento da tecnologia e a total submissão das novas gerações a essa tecnologia, tem criado uma geração de pessoas que estão com dificuldades cada vez maiores com leitura e interpretação de texto. Um fanzine é antes de tudo, um veículo da mais profunda resistência. Querer ler já é um ato de resistência que cada vez menos pessoas fazem. Obviamente vivemos uma realidade econômica, social e cultural que nos arrasta para essa realidade, mas as pessoas também não se movem. Não tem grana? Baixe e leia. Não faltam caminhos para se ter acesso a milhões do obras de todos os tipos. Infelizmente os fanzines são apenas uma gota d´agua em um mar de obscurantismo digital. Todos os zineiros vendem tiragens limitadíssimas exatamente porque o interesse é limitado. Mas enfim, eu vejo os fanzines físicos no Brasil em rota de extinção. A maior parte dos fanzines atuais por aqui são feitos por veteranos e quando não estivermos mais envolvidos? O “underground” não é um ser autônomo, somos todos partes de uma sociedade e reproduzimos todos os ecos positivos e negativos dessa sociedade e a falta de interesse por leitura e até mesmo cultura é algo muito mais comum do que imaginamos.

Na Lucifer Rising está acontecendo algumas situações que são engraçadas. Já recebi mensagens de pessoas que perguntam se não seria mais interessante que estivéssemos focados na mídia impressa. Uma espécie de preconceito ou tentativa de banalização da informação simplesmente porque temos muitos conteúdos on-line. O The Old Coffin Spirit já sofreu algum questionamento sobre isso?

Fábio Brayner: Sinceramente esse tipo de indagação não rolou comigo, mas é o tipo de coisa que iria simplesmente ignorar por completo. As pessoas vivem em uma eterna atitude de cobrança que se intensifica diante do trabalho alheio. Eu faço uma mídia impressa e o máximo que consigo passar adiante são 200 cópias. Isso em um país com mais de 200 milhões de habitantes e em uma realidade onde milhares e milhares de indivíduos dizem ouvir metal. Não acho que o problema seja a quantidade de conteúdo online, o problema passa por uma absoluta negação da informação. Somos de uma geração que buscava ouvir tudo que fosse possível. Queríamos conhecer bandas de todos os lugares. Hoje todos tem acesso instantâneo a tudo e simplesmente não conhecem nada.  Se pegarmos o meu portal e o da Lúcifer Rising, já seria suficiente para qualquer um conhecer centenas de bandas fodas todos os meses, mas isso acontece? Não. O pessoal tem tudo na mão e simplesmente vira as costas a tudo isso. Eu faço o zine físico e o portal online e mesmo assim tem gente que pode achar que não é suficiente. A galera nunca está satisfeita com nada, então não vou gastar energia, tempo e dinheiro, pautando o meu trabalho nesse tipo de cobrança.

Atualmente vejo que estão surgindo muitas publicações impressas, mas em contra partida todas tem tiragens muito limitadas. Acredito que excluindo a Roadie Crew, nenhuma delas passam de 200 exemplares. Pra você isso o que isso reflete, uma ascendência ou uma decadência?

Fábio Brayner: Na verdade, nem um e nem outro. É a realidade. Não iremos ver um crescimento brutal das publicações. Ainda que várias tenham surgido nos últimos tempos, isso não reflete uma mudança na situação como um todo. Atualmente o pessoal criou o hábito de usa a palavra “resistência”, que na maioria das vezes é usado apenas como moda, para seguir a manada. Se essa palavra pode ser usada para algo, é para o trabalho que fanzines, revistas e gravadoras independentes vem fazendo. Isso é resistência pura e simples, pois cada trabalho dessa busca em sua essência resistir ao inexorável avanço do tempo. Eu já não busco resistir a nada, para ser sincero. É um trabalho que faço porque realmente gosto. Me dá prazer e me faz desconectar do dia a dia corrido e me conectar com algo que sempre fez parte da minha vida. Não tenho ilusão nenhuma de que isso vá mudar o “cenário”, pois a cada geração que surge dentro do ambiente musical, as expectativas são diferentes. Não vou cobrar de ninguém que compre zine, que vá a shows. Isso é estupidez. Sou professor, convivo com jovens e adolescentes quase o tempo todo e o que vejo é uma geração totalmente desconectada com aquilo que costumávamos adorar. É óbvio que uma parcela dessa galera vai acabar se envolvendo, mas é uma parcela tão pequena que dificilmente fará alguma diferença. Eu acredito que nós, que estamos na faixa dos 40, quase 50, somos a última geração que ainda possui conexão com o antigo underground da forma que ele era. Quando nos formos, as coisas irão ser totalmente diferentes. Como serão? Não sei realmente, mas não importa. Não estarei aqui para me preocupar com isso.

Quando me referi a decadência, não me refiro aos veículos de informação, eles têm feito trabalhos sensacionais. Me refiro ao público, afinal existem algumas centenas de milhares de headbangers nos quatro cantos deste país… não é verdade?

Fábio Brayner: Como disse na questão anterior, o público está mudando. Os velhos hábitos pertencem exclusivamente ao pessoal que cresceu com esses hábitos, que teve acesso a outra realidade. Esperar que a galera de hoje, nascida e criada em outro contexto social, cultural e tecnológico, haja e goste das coisas da mesma forma que nós é realmente infantil. Se nos colocarmos nessa mesma posição, em relação à geração dos nossos país, que é uma geração que pegou dos anos 40 aos anos 70 como jovens, também não nos conectamos com isso, até mesmo achamos ridículo em vários aspectos. Porque isso seria diferente com uma geração que nasceu em um momento ainda mais diferente do que nós. Antes que coloquem essa visão como pessimista, não é pessimismo, é uma visão absolutamente realista. O único lugar onde há algum tipo de renovação em relação ao metal (e com limitações) é na Europa, mas eles tem uma estrutura totalmente diferente da nossa. O próprio background musical do velho continente é diferente. Você tem bandas como um Dimmu Borgir disputando um prêmio Grammy na Noruega. Em que realidade teríamos um Krisiun disputando um prêmio musical dessa categoria por aqui no Brasil. O mundo inteiro funciona em torno de bandas acessíveis de grande sucesso e apelo popular, mas aqui isso é levado a outro nível. É quase uma lavagem cerebral. A população em termos geral não conhece absolutamente nada além daquilo que é mostrado na grande mídia. E até mesmo no heavy metal nacional isso tem acontecido. Pergunte a qualquer carinha dessa nova geração o que ele conhece. Vai ser sempre a mesma coisa: Iron Maiden, Angra, alguma coisa esquisita do new metal que esteja na moda ao redor do mundo. Enfim, as coisas são assim.

Como editor, ao meu ver a imprensa sendo underground ou não tem que ter a total liberdade para trazer a verdadeira informação. Mesmo nos dias atuais você acha que a imprensa underground sofre uma castração de liberdade??? Você acha que existe uma linha divisória entre a informação e no que é tido como apoio?

Fábio Brayner: É lógico que existe essa linha. Entrevistas alguém dito “polêmico” não é a mesma coisa de acreditar e ou defender o que ele pensa ou defende. Alguém vai e entrevista um Graveland da vida e logo é taxado de “nazista”. Peraí, quer dizer então que você prefere acreditar nas lendas da carochinha sobre os outros do que ler algo respondido pelo próprio cara e tirar conclusões por conta própria? Uma parcela do underground brasileiro se tornou patético com essa perseguição baseada em uma visão estúpida do que pode ou não ser divulgado. Que merda é essa? As acusações de apoio ao fascismo são tão carentes de fundamento que ao se “cancelar” os outros esses caras repetem cada modus operandi dos próprios fascistas. Talvez alguém se pergunte, “ah você fala isso, mas no seu portal não tem nenhuma banda assim”. Bom, isso se chama liberdade editorial, eu escolho bandas, entrevisto e divulgo bandas baseado no que EU quero, não nos que os outros acham que eu quero. Não divulgo certas bandas apenas por opção, não por receio de ser queimado ou cancelado. Até porque não ligo a mínima. Não quer apoiar o meu trabalho por esse ou aquele motivo? Quer boicotar ou cancelar? Foda-se, não tô nem aí. Se um dia acordar e der na telha de entrevistar algum imbecil desses e enfiar um monte de pergunta que vai deixar o cara numa saia justa para responder eu vou fazer. O lance é que hoje em dia prefiro gastar meu tempo e criatividade com coisas que eu ache interessante. A galera confunde as coisas. Querer cancelar os outros é uma atitude tão fascista quanto aqueles que eles dizem combater. E convenhamos, em um ambiente tão cheio de analfabetos funcionais, qual a porcentagem desse pessoal que saberia explicar o que é fascismo, o contexto histórico, social e político em que isso surgiu? Como historiador eu leio sobre isso há mais de 20 anos e posso afirmar que não sei tudo, pois foram movimentos tão complexos que análises sobre o mesmo continuam sendo construídas e mudam de tempos em tempos.

E quais são os maiores estorvos neste trabalho em prol da mídia underground?

Fábio Brayner: Fácil. Lidar com gente tacanha, gente que não tem nenhuma ideia de como as coisas são, mas não perde a chance de apontar o dedo e criar suas teorias mirabolantes sobre tudo. Em termos de Brasil, o que percebo é que a cena underground existe dentro de bolhas hoje em dia. Bandas e selos não se divulgam direito. Gente que acha que ao criar um zine e ou portal, você passa a ser uma espécie de mendigo do metal, que implora para receber material de graça. Eu desafio a qualquer selo que eu tenha divulgado nesses quase 3 anos de atividade do portal, a dizer que eu pedi algum material de graça. Recebi e recebo muita coisa sim, mas sempre por iniciativa dos próprios selos e das próprias bandas. Todo mundo que enviar material o faz porque considera o que tenho feito como algo positivo. Posso não ter milhões de acessos por mês, mas a credibilidade que consegui conquistar é suficiente para que hoje em dia, eu tenha uma lista próxima a duzentas gravadoras me enviando news, materiais para resenha e façam questão de também divulgar o nome do meu portal para ajudar a divulgar o seu próprio trabalho. É uma mão dupla. Não dá para o cara esperar que eu tenha algum tipo de obrigação para com o trabalho alheio. Eu recebo, divulgo, envio o link para a galera e cabe também a eles divulgarem isso. É como os velhos flyers de papel que todo mundo divulgava nas cartas. Todo mundo recebia e enviava flyers e isso espelhava como uma praga mundo afora. Agora é só compartilhar um link de internet, mas mesmo assim a galera se recusa ou finge que não é com ela. Enfim, a minha parte eu faço, como todo o prazer. Eu divulgo o que eu faço.

Esse é um assunto que geralmente não me interessa, afinal não falo e não acredito na política e que inclusive sofri duras críticas pelo meu posicionamento. Mas, falando da atual realidade do underground, vemos a todo momento cancelamentos, inimizades e até mesmo difamações. Uma polarização política sem precedentes. Qual a sua real opinião sobre isso??? Tudo isso não está prejudicando de certa forma tudo que foi construído até agora?

Fábio Brayner: Eu acho que cada um tem direito a se posicionar da forma que quiser. Isso é liberdade de expressão, mas dizer o que quiser tem o limite da lei como freio. O que acho estranho é que o pessoal construiu a ideia de que o heavy metal existe apenas no multiverso, onde não existe política, onde tudo é lindo e fofo. A política interfere em tudo na nossa vida, somos seres políticos, querendo ou não, sabendo disso ou não. A sua pergunta e a minha resposta são políticas em sua essência. Você se posiciona contrário a ela, eu já não vejo dessa forma, mas ambas são absolutamente políticas e civilizadamente estamos aqui falando sobre isso. Não há animosidade. Não dá para viver imaginando que a política é um ser que exista fora da nossa realidade só porque achamos isso. Vivemos no mundo real, com contas a pagar, família para sustentar, necessidades básicas para suprir e tudo isso passa pela política. Aumentos, cobranças, debates sobre o que é melhor ou não para a sociedade. Isso é estar fazendo política. Falando do nosso país e da nossa realidade, não dá para fechar os olhos agora ao que está acontecendo. Se fizermos isso iremos simplesmente dar carta branca para que ainda mais merda seja feita. Não consigo ter nenhum respeito por quem apoie um indivíduo como o que está atualmente na cadeira da presidência, por uma série de razões. Se eu deixaria de falar com alguém por essa razão? Eu não saio por aí atacando amigos por causa de opinião política, mas também não vou querer ao meu lado alguém que defenda valores que sejam totalmente contrários aos que eu acredito. Prefiro me afastar em silêncio do que fingir que está tudo bem.

E ainda neste assunto, recentemente li uma postagem sua em uma rede social a respeito de um menino que disse não ter tomado a vacina por causa dos pais negacionistas. Tem como você falar um pouco sobre isso?

Fábio Brayner: Sim, um aluno disse que não tomou e não iria tomar a vacina e como professor e com uma responsabilidade a cumprir eu perguntei se ele não achava prudente tomar a vacina e apresentei vários motivos pelo qual isso seria algo a ser feito. Em momento algum eu coloquei o garoto em uma posição em que ele se sentisse obrigado, MAS o pai ficou sabendo dessa fala e veio para cima da escola com o argumento de que eu estava obrigando o filho a fazer algo que não queria. Eu tenho uma opinião muito baseada na legalidade. Toda a população deveria estar sendo obrigada a tomar essa vacina, pois trata-se de uma questão de saúde pública. O negacionismo de alguns coloca em risco a saúde de muitos em risco, mas como temos um governo totalmente contrário a qualquer critério de legalidade e de preocupação pelo bem comum, não se fala mais nisso. Quer outro exemplo? A nossa cobertura vacinal despencou desde 2017… Tínhamos 100% das crianças vacinadas contra poliomielite e agora isso não chega nem a 80%. Tínhamos recebido um atestado de país livre do sarampo e agora já temos casos pipocando país afora. Não se faz mais campanhas de vacinação, não se fala sobre a importância disso apenas porque o país elegeu um débil mental gagá que acha que a opinião pessoal dele (diga-se de passagem, opiniões essas retiradas do próprio rabo) tem que prevalecer sobre fatos confirmados e políticas públicas que há décadas vinham sendo implementadas. As instituições se acovardaram e o resultado está aí. E a tendência é de piora. Estamos repetindo a história e os mesmos erros, vez após outra.

E falando do The Old Coffin Spirit, existem planos pro futuro deste grande veículo de comunicação?

Fábio Brayner: O plano atual é simplesmente não fazer planos. Decidi e divulguei recentemente a decisão de não elaborar e não lançar uma edição nova em 2022. Estou completamente ocupado com meu trabalho e planos pessoais e não estou pensando nisso agora. Em algum momento do ano que vem eu irei começar a trabalhar na sexta edição do zine e farei isso de forma muita tranquila. O zine tem que ser feito dessa forma, não quero que isso vire algum tipo de obrigação. Foi algo que coloquei como mais importante quando comecei a fazer o fanzine. Ou faço isso por absoluto prazer ou não faço. Não sei até quando continuarei fazendo o zine e o portal. Sinto que estou no final do segundo tempo do jogo com tudo isso. Mas enquanto durar fazer como sempre fiz, da melhorar forma possível e respeitando esse estilo que sempre fez parte da minha vida. No momento o foco tá sendo no portal, quem tem conquistado seu espaço na cena mundial e que conta com a ajuda decisiva de poucos redatores, mas que fazem um trampo de qualidade, como no caso do Daniel Bitencourt, do Fábio Miloch e da ajuda com algumas matérias do Walter Backus.

Sabemos aqui que infelizmente nunca haverá chance alguma de vivermos da mídia underground. Como é a conciliação entre o Fábio professor e o Fábio editor/retador/zineiro?

Fábio Brayner: Hoje em dia eu sou 100% Fábio professor. É a minha carreira, minha fonte de renda e minha fonte de alegrias e ódios. O zine virou algo que faço para distrair a cabeça, me conectar com a música que gosto e apoiar as bandas e selos que curto. Tenho quase 50 anos de idade. Desses 50 anos, estou na cena há quase 40 anos cara… é tempo demais cara. Vai chegar uma hora que essa conexão vai ser apenas musical.  Vai ser apenas comprar os álbuns, ouvir em casa e ir em alguns shows que valham à pena. Nunca deixarei de ouvir metal e principalmente metal extremo, mas não irei ficar mais jovem. Energia e paciência vão diminuindo e é necessário muito disso para estar envolvido de forma mais profunda e atuante dentro do underground. Continuo comprando uma porrada de material, mas estou focando em mais coisas atualmente. Meus interesses se ampliaram em todos os aspectos.

Meu nobre irmão, em nome de todos os que se interessam pela informação, o meu muito obrigado pelo seu grande trabalho. O espaço está aberto para a suas considerações finais.

Fábio Brayner: Meu velho, foi um grande prazer bater esse papo contigo. A LUCIFER RISING fez parte da minha vida por mais de 1 ano e foi uma experiência de grande aprendizado. Obrigado pelo espaço e obrigado a todos que lerem essa longa conversa. Não encarem o que eu disse como verdades, é apenas a minha opinião… Nos veremos em breve pela estrada. Ao som do novo do Immolation.

Visite o portal da THE OLD COFFIN SPIRIT ZINE: https://theoldcoffinspirit.com/

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Luis Lozano

Luis Lozano

Programador e designer gráfico para a web, com diversos trabalhos realizados com foco na informação e fortalecimento do underground.

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