É na pacata e bela cidade de Bombinhas, Santa Catarina, que se esconde O “gigante” Walter Bacckus! Através do seu zine impresso MALÉFICA RESISTÊNCIA, e agora também, Distro, esse banger vem fazendo sua parte e contribuindo para este conturbado, desunidado e agora, dividido, cenário nacional. Confiram o bate papo que tivemos com esse amigo, que muitos nos honrou conceder este tempo para que vocês conheçam um pouco mais sobre o mesmo, e sua contribuição ao Metal!
Salve Grande Waltinho! É uma satisfação ter esse bate papo contigo! Antes de adentrarmos num assunto que temos em comum, os Zines, me diga como foi os primeiros passos do headbanger Walter Bacckus? Como e quando tudo começou?
W.Bacckus- Saudações meu amigo Giovan Dias ! Para mim é uma honra estar aqui conversando contigo e no portal Lucifer Rising, que é uma mídia séria de suporte e divulgação dos subterrâneos de nosso glorioso Underground. Então, eu sempre fui viciado em música. Lá em 1989 ouvia muito rádio. Quando tocava música de verdade. Aí eu descobri o Rock nacional. Bandas como Titãs, Plebe Rude, Ira, Barão Vermelho, Legião Urbana e toda a cena do Rock gaúcho como: Engenheiros do Hawaii, TNT e Cascaveletes. Sempre gostei muito de livros, gibis e cinema. Mas quando assisti ao filme “Exterminador do Futuro 2,” eu já tinha gostado do filme e quando tocou “You Could be Mine”, do Guns n Roses, aquilo explodiu minha cabeça. Um ano depois conheci uma galera de um bairro perto de onde eu morava e os caras já estavam em outro nível. Com bandas na garagem ( a primeira banda que eu vi um ensaio chamava – se Hospício) e ouvindo Judas Priest, Mercyful Fate, Sepultura, Sarcófago e Ratos de Porão. Mas quando meu amigo Roger gravou uma k7, contendo de um lado Judas Priest e do outro Mercyful Fate, não tive mais como fugir do poder do metal. E lá se vão 30 anos.
E hoje, 30 anos depois? Judas ou Mercyful Fate?
W.Bacckus – E agora meu amigo !? 30 anos depois o Judas Priest e o Mercyful Fate são muito importantes na minha vida. Mas enfim, Amo Mercyful Fate ! Mas Judas Priest é a banda que está no coração.

E como surgiu a ideia de ser editor de zine? Um zineiro?
W.Bacckus – Baah essa é uma longa história e aconteceu ” em uma galáxia muito distante “, há muito tempo atrás… lá em 1996. Como todo Metalhead eu queria montar uma banda junto com meu amigo/irmão de coração Jeff Menzen. Montamos a banda ” Dark Souls ” e logo descobrimos que não tínhamos aptidão para ser músicos e aquilo nos frustrou. Mas queríamos ajudar a cena Underground, e na mesa de um bar cheio de etílicos, perguntávamos um para o outro, como ? E o Jeff surgiu com a ideia de um fanzine. Foi aí que começou o meu amor por fanzine. O Jeff lá em 1997 montou o ” Azathoth zine ” (Fòz do Iguaçu/PR) que contou com duas edições, e eu ajudava na divulgação. Aliás, foi bem pouco divulgado, porque era muito difícil naquela época. Na segunda edição (1999) eu participei entrevistando a banda curitibana Eternal Sorrow. Minha primeira entrevista no submundo. Depois, já morando no litoral catarinense, participei como colaborador do Warzine (2006), artefato feito pelo meu amigo Wilson ” sir ” Henkles e em 2016 resolvi dar vida ao meu próprio artefato.
Quais foram suas fontes de inspiração?
W.Bacckus – Minha primeira fonte de inspiração foi meu amigo Jeff & Azathoth zine. E depois em 2006, quando meu amigo Caesar da Forbidden Music Distro, que na época morava em Itajaí (SC), me apresentou o Desgraça Zine de Salvador, Bahia. Eu admiro muito esse zine! A mente por trás desse artefato é o Robson Carvalho, e esse cara é foda!
Jeff Menzen – Não sei se há necessidade de eu falar de minhas influências, cara, lembro um pouco mas foi mais o lance de experimentar textos e colagens no formato de zine com o intuito de divulgar o Underground junto com Metal e poesias. Eu gosto muito de Poe, Baudelaire e o impressionismo Alemão e na época tinha pouco acesso a imagens. Mas lembro de umas imagens de cemitérios, fotos muito massa que eu achava no buscador ” ativista,” gente que nasceu com o Google talvez nem lembre disso. Minha inspiração é o gosto pelo Metal, pelo Underground, saber que tá circulando de mãos em mãos em algum lugar aleatório do território levando a arte dos zines.
Então, apresente para quem ainda não conhece, o seu zine! Fale-nos um pouco dessa trajetória até agora.
W.Bacckus – Baah é difícil falar de seu próprio trabalho. Mas enfim… é um fanzine dedicado para os amantes do Metal e do Underground. Se tu for um Metalhead que apoia o Underground sem frescuras e apoia o Metal nacional é só entrar em contato. ” Unidos somos fortes!!!” O M.E.Z. despertou do seu sono no inverno de 2015. Mas a primeira edição levantou das tumbas no verão/2016.
E dificuldades, o que você pode destacar que mais trás dor de cabeça na hora de elaborar uma edição?
W.Bacckus – Então, as dificuldades sempre atrapalham, principalmente a falta de grana e também porque eu sozinho faço as entrevistas, resenhas, textos e divulgação. Outra dor de cabeça é que o Jeff faz a diagramação e ele mora em Fòz do Iguaçu (mil km daqui) e às vezes perdemos arquivos enviados por E-mail; e a falta de tempo, já que trabalhamos. Mas o amor pelas escritas subversivas e ao Underground supera tudo.
E como anda o apoio a este trabalho? Acredita que os fanzines impressos tem apoio e reconhecimento nos dias atuais como foi na época de 90?
W.Bacckus – Baah melhor impossível. Aliás, até me surpreendeu o apoio que tenho recebido com meu trabalho. Mas diga – se de passagem, sem o apoio de alguns amigos esse artefato não existiria. E um deles é o Jeff ! Sem as suas artes na diagramação eu não conseguiria ! Já que não é a minha área. E o trabalho dele faz toda a diferença. O apoio foi tão bom, que recebi matérias de vários selos do Brasil, entre eles o frater Leandro do selo mineiro Eclipsys Lunarys que me chamou para participar em parceria em dois lançamentos : Imperador Belial e Verthebral. E a partir da segunda edição o zine também virou uma distro por esse convite feito. Felizmente, é fato sim, que os zines ainda tenham apoio e admiração. Pouco mas tem sim. Nada será como foi nos anos 90. O cenário mudou muito de lá para cá né ? Zine impresso chega nas mãos de quem realmente entende o Underground, apoia e vive realmente a cena.

Voltando a falar na elaboração do seu zine. Quais os critérios que você utiliza para convidar uma banda para participar?
W.Bacckus – Primeiro eu tenho que gostar da banda e ela tem que ter postura dentro da cena. Outra coisa : como eu não sou músico, as minhas resenhas serão colocadas no zine conforme eu sinto a música. Se me fez a cabeça e o coração. Eu gostei, tá dentro! Nunca, jamais colocarei uma resenha para criticar a banda. Se não gosto da banda ou do material lançado, não será resenhado.
Então posso considerar que o Maléfica Existência Zine é um trabalho que se espelha completamente em seus gostos pessoais e no que apóia ou é um instrumento de comunicação Underground com o objetivo de informar, se isentando do seu conteúdo?
W.Bacckus – Sim, meu amigo ! Totalmente baseado nos meus gostos musicais e conforme penso a respeito de conceitos e postura Underground. Para mim, postura e radicalismo consciente são necessários dentro da cena. Afinal, o Metal/Underground sempre foi e sempre será contracultura. Ou seja : jamais nos isentaremos e passaremos a mão em radicalismo sem fundamento ou white metal; ou, nos cânceres do nazismo e xenofobia dentro da cena. No M.E.Z. nós jamais apoiaremos bandas favoráveis ao governo do ” Deus acima de tudo “.

E o que você destaca de Zines impressos que circulam atualmente no Brasil?
W.Bacckus – Fanzine sempre foi e sempre será a verdadeira ” imprensa dos subterrâneos “, sem rabo preso. E aqui no Brasil temos muitos zines & Editores sérios. Eu destacaria : Robson & Desgraça Zine, Carlos Nephasthorm & Pecátorio Zine e muitos outros que esse demônio tá envolvido, Samir & Crust the Cross, Tadeu & Turvo Zine, André & Sepulchral Voice, Fábio & Old Coffin Spirit, Giovan & The Glory Of Pagan Fire, Cristiano Borges & Cangaço Rock, Célio & Pagan Vastaland ,Luciano & Seraph zine, Guga &, Acclamatur, Warfare book, Resistência Opositora, The Return, Blackheart, e muitos outros que, possivelmente esqueci de citar aqui. Todos fazendo um ótimo trabalho de resistência em um mundo digital.
Como zineiros, sempre estamos ouvindo novos lançamentos, novas bandas. O que você pode indicar que lhe chamou atenção recentemente?
W. Bacckus – Verdade meu amigo ! O lance legal de tá envolvido com zine/ web zine é o amor que temos pelo Metal e consequentemente vamos descobrindo muitas bandas matadoras. Acho que temos muita banda foda lançando muitos materiais destruidores. Ouso dizer que a cena brasileira e da América do Sul, não perde em nada para outros continentes. Mas enfim… bandas que me chamaram atenção recentemente e posso destacar aqui: Vazio,The Black Spade, Pralaya, Hell Poison, Hisssarlion, Unholy Outlaw e eu como amante do Doom Metal, meu amigo Daniel do Verthebral, banda do Paraguai me enviou um CD de uma banda de Asuncion muito foda chamada : Dismal.

Trabalhar na comunicação Underground nos dias atuais é complicado. Vc tem que agradar gregos e troianos e no final nunca agrada 100% ninguém. Qual sua posição sobre a atual cena nacional que agora foi dividida politicamente entre direita/esquerda, facistas/antifas ?
W.Bacckus – Pois é. Mas eu não edito um zine para agradar ninguém. Faço porque eu gosto ! O que me deixa triste é que muitos amigos próximos à ti, não te apoiam, e ao mesmo tempo, o apoio vêm de pessoas que tu não imaginava… Estou mais preocupado em receber o feedback de quem faz alguma coisa pela cena, e tem muitas pessoas sérias, como você Giovan, e tantos outros, como as distro, zines e selos. É desses, dos que fazem as coisas acontecer que eu aceito críticas e elas fazem a gente crescer. Baah esse lance de política é uma merda. Eu não sou nem de esquerda e nem de direita. Foda – se as duas. Mas com esse ” desgoverno ” aí, temos que deixar claro que não o aceitamos e temos que lutar e derrubá – lo. Somos Metalheads, e como tal, somos a escória dessa sociedade de boa família e bons costumes. Foda – se o Deus acima de tudo. Somos adoradores do Rock/ Metal e somos a contracultura Sempre. Fascistas morrem lentamente.
Quais as novidades para os próximos meses ?
W.Bacckus – A novidades é que já estamos trabalhando na quarta edição do zine e vai tá matador ! Se nada der errado, sabe como é tirar grana do próprio bolso, e o país tá passando uma fase ruim, economicamente falando né ? Mas, em abril despertará a quarta Edição dessa Maléfica arte subversiva. E espero fazer um festival com o nome do zine em breve.
Considerações finais.
W. Bacckus – Meu querido amigo Giovan Dias, eu agradeço do fundo do coração o apoio que tu sempre deu ao nosso trabalho. É o que eu sempre digo : Unidos somos fortes ! Saiba que respeito muito teu trabalho com o The Glory Of Pagan Fire Zine e aqui no portal Lucifer Rising.
Um grande abraço e força sempre !!!