Tremenda satisfação ter em mãos a segunda edição do REX INFERIS ZINE. É gratificante ver que um dos pilares do Underground, os zines impressos, estão sendo perpetuados através de uma geração que surgiu nessa transição do século XX para o XXI, onde CDS e MP3 começaram a disputar um lugar no mercado fonográfico, onde os zines impressos começaram a ser esquecidos devido a essa velocidade e facilidade que temos hoje com a internet. e onde o quarto de casa e a tela do youtube ficou muito mais atrativo que os shows nos inferninhos pelo Brasil à fora.
Enquanto boto para rolar o LP “Antes do Fim” do Dorsal, vou pensando e percebendo que essa cultura pode ser muito bem representada por uma nova geração que sabe usar perfeitamente o analógico e o digital, não deixando nossa cultura pervertida, contestadora e subversiva esquecida num passado nem tão distante.
Danilo Vagner em parceria com Felipe Rodrigues e Kaique Araújo começam a criar sua própria identidade editorial, onde acredito que em próximas edições você nem precise olhar a capa para dizer; “Isso aqui é REX INFERIS ZINE”. Todo design gráfico feito pelo Danilo é bem variado e singular.Textos e imagens sobrepostas trás aquela visão dos primeiros zines da década de 80/90 e isso fica excelente. Infelizmente só não digo que 100%, porque com a idade chegando dá um trabalho danado fazer uma leitura à certa hora da noite quando a vista está mais cansada. Deixei o texto “Resenha Setembro Negro 2019” (eu daria o título algo como “Um Lunático Deathbanger no Setembro Negro 2019”) para ler à tarde, pois o layout destas únicas páginas não agradaram o “ceguinho” aqui (pode me chamar de rabugento, aceito sem cara feia..hahaha).
O interessante é que folheando as páginas me deparo com fotos de grandes amigos que esse underground me trouxe, muitos pelo mundo virtual, outros de época de cartas e demais das noites metálicas da cidade sem salvação. Os primeiros e velhos amigos que abrem a sessão de entrevistas são da banda DEFORMITY BR. Puta entrevista com o grande Yuri Hamayano. Se você pensa que vai ler uma entrevista com a palavra sangue 20 vezes, carnificina umas 30 vezes e pus mais umas 22 vezes, é um ledo engano. Entrevista inteligente e bem elabora respondida por alguém com conhecimento, argumento e que sabe o que está falando. O papo gira sobre Death Metal, história da banda, shows, estrada, dificuldades, pandemia, política. Em seguida temos o DeathGrind dos mexicanos do PUTRESCENCE e logo após a APUS que já estão na estrada e nas sombras do Death Metal soteropolitano há muitos anos, mantendo uma postura restrita mais que não se deve confundi com radicalismo gratuíto.
Mais uma vez o Death Metal feito no Planalto Central tez vem nos diversos zines que circulam por aí. Aqui, me foi apresentado a banda NEKKROFUNERAL, na qual preciso conhecer. Como referência, a banda é formada por integrantes de outras, como Absent, Burial Kurgan, Malicious Intent, A Peste, Descalabro, Vela Negra etc. Depois, de lá da Paraíba surge o já conhecido pelo público baiano NECROHUNTER,com uma breve conversa.
Com a entrevista do INNUMERABLE FORMS, Death/Doom americano, percebemos que não só de Death Metal vive o REX INFERIS, mas também do Death, Doom e Black Metal, além de sair da “regra” de entrevistar só bandas, pois encontramos um bom bate papo com o Rolldão da já renomada KILL AGAIN RECORDS. Curti muito a entrevista que conta com uma foto do Rolldão com grandes amigos em algum festival pelo Brasil, provavelmente o Setembro Negro! E por falar em amigos, olha que tomando quase toda a página (hahaha..é brincadeira gigante!), surge o FÁBIO BRAYNER para falar de sua trajetória como banger e suas atividades vinculadas a nomes como Sanctifier, As The Shadows Fall, Decomposed, Rigor Mortis Zine, The Old Coffin Spirits Zine entre outros. Ainda encontro o velho amigo LORD VLAD, ao qual tenho enorme admiração, na sessão “Crônica do Headbanger”.
Como dito, as páginas aos poucos vão ficando mais fúnebres e melancólicas aos nos depararmos com uma entrevista com dois grandes ícones do Doom Metal Nacional: SERPENT RISE e HELLLIGHT!!! O Black Metal tem uma única representação nesta edição, porém com nome e respeito, Das Minas Obscuras temos o IN NOMINE BELIALIS. Mais uma entrevista muito bem feita de ambas partes, trazendo muita informação e assuntos diversos, desde a trajetória da banda e o ocultismo.
Os caras ainda me surpreendem com duas bandas que conheci há cerca de uns três anos atrás e que de cara me chamaram logo atenção. A banda americana MALIGNANT ALTAR (senão conhece corra atrás. O som dos caras é podre e doentio!) e a dinamarquesa UNDERGANG que para mim lançou o álbum que ficou na minha lista dos melhores lançamentos gringos do ano passado, o full “Aldrig i Livet”.
Resenhas muito bem escritas não podiam faltar, uma sessão com news, e uma página com uma arte feita pelo já renomado Emerson Maia, inclusive também foi o responsável pela arte de capa onde “passamos o conceito com a mistura do filme Sexta Feira 13 e a capa do clássico Death Shall Rise do Cancer“.
São 68 páginas (tive que contar hein!!!), formato A4, encadernado e com capa transparente de proteção.
Que esses maníacos abracem essa missão das trevas com honra, paciência (muita) e determinação. Já perceberam que fazer um zine não é nada fácil como muitos possam imaginar.
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