Áudio para deficientes visuais
|
Essa foi uma noite insana e que me fez pensar que “O underground realmente está mais vivo do que nunca”.
Foi muito bonito de ver o público comparecer em peso, isso mesmo, a Necrópole Hall estava lotada. Todas as pessoas que estavam presentes foram muito calorosas e que não só assistiram, mas sim, fizeram parte dos shows.
Vi cabelos afoitos, mãos para cima e vozes berrando as músicas… uma energia que sinceramente eu não presenciava a muito tempo.
Quando cheguei na Necrópole Hall vi a casa cheia, as bandas ansiosas por suas apresentações e logo é claro, fui tomar o maravilhoso chopp “Stout Beer” geladíssima para já ir me preparando para as apresentações que já estavam para começar.
Pra você que ainda não conhece a Necrópole Hall, o que posso dizer é: “São Paulo e região estavam precisando de um local assim, bem estruturado, sistema de sonorização impecável, um bar com diversas cervejas muito geladas e os chopps que pra mim são fantásticos, e também conta com a loja física da Black Metal Store na casa, ou seja, você pode se divertir e ainda fazer as compras pra sua coleção no mesmo lugar.
Quando avistei o palco vi que os demônios do Spiritual Hate estavam se preparando para a sua celebração do mais puro caos. E ao mesmo tempo percebi que o público começou a se aglomerar em frente ao palco, entre aplausos, gritos e reverências diabólicas…. A apresentação do Spiritual Hate se inicia. Mórbido e satânico.
No mesmo momento a atmosfera do local mudou completamente, luzes vermelhas, demônios totalmente possessos com seus instrumentos empunhados em meio a fumaça que tomava conta de tudo. Vi um cenário quase apocalíptico acontecer diante dos meus olhos.
Quando o Blackmortem e o Mobbirum tocaram os primeiros acordes, a reação do público foi ensurdecedora… foi arrepiante.
E com os ataques precisos do Malus Peior Pessimus na bateria estava ali instaurada a declaração de guerra. Logo na primeira música deu pra sentir que esta apresentação seria de alto nível, e assim foi.
A violência e técnica da banda aliada ao seu sincronismo matemático, cativou a todos no mesmo instante. Diga-se de passagem, ver o Spiritual Hate ao vivo é ver um show de uma banda completamente preparada, a presença de palco foi absurda.
E o mais impressionante é que este foi o show de estréia do virtuoso guitarrista Mobbirum, e foi também a primeira vez que vi o Blackmortem assumindo os vocais.
Me pergunto: Porque o Blackmortem não tinha pensado em assumir os vocais antes????
O seu timbre vocal orna perfeitamente com as composições. O cara detém uma voz poderosa e que se alternam entre guturais e rasgados muito bem encaixados.
As execuções das músicas do novo álbum “The Ancient Pestilence” foram sensacionais, é como se ouvíssemos o próprio CD, demonstrando verdadeiramente o feeling e sua competência ao vivo.
Depois que o Spiritual Hate quase incinerou a Necrópole Hall com as chamas do inferno que invocaram, é hora de tentar respirar e tomar mais um chopp para encarar a próxima apresentação, os veteranos do Posthumous.
Reencontrei alguns irmãos, batemos um papo rápido, fui visitar a Black Metal Store onde é impossível sair de mão vazias e aproveitei para completar a minha coleção do Impaled Nazarene, os relançamentos estão impecáveis e o atendimento muito atencioso do meu amigo Johann faz toda a diferença.
Voltei para o show e vi os músicos do Posthumous preparando os seus equipamentos para iniciar a sua apresentação.
Novamente o público se aglomerou em frente ao palco para assistir o retorno de uma banda que se apresentou pela última vez em São Paulo a mais de 20 anos atrás.
Com seu line-up renovado e em plena turnê do seu mais recente álbum “Unholy Ceremony” lançado pela grande Hammer Of Damnation, já dava pra prever que o show seria fantástico.
Quando ouvi a intro em execução, todos levantaram suas mãos e gritavam muito, afinal estava no palco uma banda histórica do underground brasileiro.
Com seus riffs bem executados e uma atmosfera mais tradicional, a banda exibiu toda a sua experiência adquirida deste 1993. Com suas músicas extremamente cativantes, foi impossível não ser contagiado e começar a bater cabeça.
Sob o extremo apoio e carinho do público a banda presenteou a todos com pouco mais de duas horas de show. Foi um “revival” de toda a sua carreira, músicas das demos, compilações e seus álbuns.
Eu fiquei muito feliz ao ver este que pra mim foi uma apresentação histórica, ouvi músicas que fizeram parte do meu crescimento, por exemplo as músicas do clássico “My Eyes, They Bleed”. Pra quem segue o Posthumous desde o inicio dos anos 90, com certeza foi emocionante.
A energia junto com a postura no palco, foi a fórmula certíssima para que a apresentação fosse muito boa de ver.
E destaco aqui dois músicos que estavam definitivamente dando o sangue, eles estavam tão empolgados que foi realmente insano ver a suas performances, o Baterista J.V.A-K e o guitarrista O. Marauder deixaram todo o público atônito.
Isso sem falar de suas posturas completamente sintonizadas com todos que assistiam e agitavam.
No contra baixo estava o conhecido e renomado E. Nargoth que tem uma extensa história no underground brasileiro, o cara foi integrante do Somberland e do lendário Murder Rape. Então já dá pra imaginar a expertise apresentada por este grande músico neste show.
E claro! Tenho que falar deles, R. Mutilator e R. Satan que simplesmente destruíram tudo, mostrando que a velha guarda ainda tem muita lenha pra queimar. O R. Satan com seu vocal poderoso dava aquele toque sinistro com seus berros. E o R. Mutilator empunhando a sua Flying V, apresentou um músico com muito gás, fazendo o dueto mais que perfeito com o O. Marauder, ele fez uma apresentação mais que poderosa.
E mesmo com pouco mais de duas de show, no final senti aquele gostinho de “quero mais”. O Posthumous trouxe ao público paulista o seu melhor, a seleção das músicas, timbres inconfundíveis, energia contagiante e uma performance que tomou a todos os presentes de assalto.
Meus sinceros agradecimentos à Necrópole Hall e aos envolvidos na organização. Foi uma noite MEMORÁVEL.
Confira os vídeos abaixo: