Não sei se ocorre com vocês, mas o Black Metal me deixa com água na boca. Parece sempre que vou saborear algo quando estou conhecendo um trabalho novo e quanto mais cru, quanto mais True Norwegian Black Metal, quanto mais seca a qualidade, mais eu fico salivando.
Eu sempre acho que quem conhece o Black Metal deve ouvir Burzum, Darkthrone, Enslaved, Immortal, Mayhem, Thorns, e Ulver. Depois você entra no ramo sueco tipo Dissection) coisas da terceira onda tipo Marduk, Watain, e Gorgoroth.
Mas uma coisa que me atrai é o fantasmagórico espectro da banda de um homem só. A alma, o desafio, o remar contra a maré como fez Varg Vikernes e como vejo hoje no Hoest do Taake.
Hoje pra mim o Taake é A CENA DE BLACK METAL one-man band da atualidade. Não só pelo som, mas pela performance, pelas letras, pelo amor à cena underground e pelo grau de compromisso em fazer a porra True Norwegian que se pretendia nos áureos anos do Mayhem e Burzum.
O álbum na vitrola há 2 semanas consecutivas é Kong Vinter do Taake. Último álbum de estúdio da banda norueguesa. “Sverdets Vei” abre o álbum e aqui se vê acomodação. Hoest tem uma fórmula e sabe utilizá-la muito bem, ele sabe criar um álbum, ele sabe vender e ele sabe fazer o que o Taake faz: Impressionar.
A sequência faz o álbum sair de um casulo e lembra bem o Darkthrone, estou falando de “Inntrenger” (“Ladrão ou Saqueador” em norueguês). Dessa faixa em diante as guitarras se entrosam, o álbum cresce, escurece, fica claustrofóbico e sombrio no melhor estio Satyricon clássico. “Huset i Havet” e “Havet i Huset,” longe de serem faces opostas da mesma moeda, são pontos altos do álbum, a palavra da vez agora é riff! Daqui em diante você vai entender do que o Taake é feito.
A primeira lembra as pancadas rápidas e marcantes do Carpathian Forest e a segunda é tão enriquecida, melódica, sombria e obscura que nos suga para um turbilhão e esquecemos do tempo, é muito clímax para uma simples música.
“Jernhaand” é beeeeem Gorgoroth, Hoest se doa e a impressão que tenho – minha opinião de fanático pelo Taake, ta? – A voz dele some aos 3:40? Enfraquece? MAS, muita calma, o instrumental segura a onda e Hoest mostra suas paixões: guitarras e baixos matadores que complementam sua voz e fazem dessa faixa uma das minhas favoritas. É uma guerra e o Black Metal não tem portos seguros.
Em “Maanebrent” você pode abrir sua janela e ver o topo das colinas com neve, olhe para baixo de sua moradia e verá os vales gélidos e frios que percorrem os caminhos a sua frente, tal é a atmosfera das guitarras. São oito minutos de viagem. Oito minutos de TAAKE!
Mas a obra prima do álbum, a pedra preciosa rara que vale todo esse álbum é a faixa de encerramento: “Fra Bjoergegrend mot Glemselen,” alma, melodia do Taake, qualidade, timing e muita competência criativa para uma faixa só. Pena que são apenas 10 minutos de faixa. Esta é a melhor faixa que o Hoest e o Taake já lançaram! Pode ter total certeza.
Kong Vinter mostra que o Taake é único e que ele não vai seguir a maré. Ele vai permanecer fiel. True Norwegian Black Metal, soe isso “tr00” o quanto você achar, a esta altura da audição opiniões já não afetam a qualidade impecável desta obra de arte.
Como comparar esse álbum do Taake aos anteriores? Especialmente aos três primeiros? Não tem comparação. Ele é distinto, mas ele é essência, ele é inovador, mas ele é permanência, ele é moderno, mas ele se mantém arcaico. Se você busca essência, este é o álbum e esta é a banda.
Nota: 9/10